quinta-feira, 22 de setembro de 2016

MINHA PASTA DE NARRADOR – Um relato útil a todos RPGistas



MINHA PASTA DE NARRADOR – Um relato útil a todos RPGistas:

A maioria dos narradores de RPG (vou usar esse termo para designar narradores, juízes, keepers, mestres e DMs, afinal cada sistema usa seu próprio termo) possui algum tipo de pasta ou fichário onde costumam colocar os materiais mais interessantes para sua jogatina. Em parte, esse tipo de organização remete aos materiais antigos de Dungeons & Dragons que vinham inclusive já “perfurados” para caber em fichários e também remete à herança da geração Xerox onde organizar todo o material copiado era fundamental. 

Fichário de Dungeons & Dragons na segunda edição
 Alguns narradores preferem deixar tudo anotado em bloquinhos ou cadernos e se utilizar do Shield / Escudo / Screen para anotações mais importantes (falaremos sobre estes depois).

Independente do modo como é armazenado seu material, o importante é manter tudo organizado a fim de facilitar a vida daquele que conduz a história.

Eu sempre me organizei com pastas de saquinhos plásticos, pela facilidade de guardar e pela rapidez de acesso a informação. Ainda, se eu encontro algum material mais bacana eu posso adicioná-lo ou colocá-lo no lugar de outro mais desatualizado.

Além disso, antigamente eu narrava e jogava quase só Dungeons & Dragons, afinal, era o que se tinha no Brasil no meu grupo nos idos de 1990 (a maioria era fotocópia de livros importados). Por esse motivo, possuía apenas uma única pasta com fichas, anotações, personagens, tabelas e tudo o mais e essa pasta servia tanto para quando eu jogasse quanto para quando eu narrasse alguma história. 

Hoje em dia devido à imensa quantidade de sistemas que meus grupos jogam, eu acabei por separar por sistemas todo o material que utilizo. Para cada sistema, eu utilizo uma pasta diferente, além de ter uma pasta apenas para meus personagens, quando eu for tomar o papel de jogador (o que eventualmente acontece...). Possuo pastas com material de Edge of the Empire, Old Dragon, de DCC RPG, de Shadowrun, de Dungeons & Dragons 5th edition e de d20 system.
Algumas das minhas pastas de Narrador

 O que eu uso em cada pasta vai depender basicamente da complexidade do sistema que está sendo jogado. A primeira página sempre é uma capa bonita (de preferência colorida), a fim de eu identificar de qual sistema é aquele material.
Em geral eu uso os primeiros plásticos da minha pasta para colocar as tabelas mais úteis para eu utilizar como narrador, mas minha organização geralmente obedece a seguinte forma:

- uma lista grande de equipamentos: vai por mim, essa é uma das coisas mais utilizadas... os jogadores vão querer saber o valor de alguma arma, armadura ou equipamento em algum momento do jogo;

- várias tabelas com bônus e penalidades circunstanciais para testes e combates: eu uso com a finalidade de facilitar a consulta a dados técnicos do combate, sobrando mais tempo para a descrição da cena e não deixando os demais jogadores entediados esperando a sua vez enquanto se consulta planilhas dos livros;
Tabelas para consultas rápidas

- tabelas que facilitem a criação de personagens: às vezes tem-se apenas um livro básico e vários jogadores querendo utilizá-lo ao mesmo tempo, então é sempre bom ter algum “resuminho” sobre isso a mão... uma boa idéia é ter uma cópia de algum material de quick play/ fast play / jogo rápido impresso dentro da pasta;

- planilhas com nomes aleatórios!: importantíssimo... por vezes bate o branco na hora de inventar o nome daquele soldado que os jogadores encontram ou daquele taverneiro que era pra ser apenas um figurante – adoro a tabela de nomes aleatórios dos apêndices do DCC, é a que uso;
Tabelas de nomes aleatórios


- planilhas com tesouros básicos aleatórios: para facilitar a vida dos ladinos do grupo...;
- encontros aleatórios: colocar em uma planilha os encontros mais comuns, de preferência uma tabela única que possa ser usada em qualquer local/situação;

- non player characters (NPCs): sim, eu costumo colocar alguns NPCs em minha pasta, de preferência de diversos tipos diferentes: magos, ladinos, nobres, clérigos, guerreiros... dessa forma eu posso usar essas estatísticas para quando o grupo precisar contratar alguém e ainda posso usar quando bate o aperto por saber algum dado de algum personagem não jogador;

Cemitério a esquerda e personagens em uso a direita
- em um dos saquinhos da pasta eu coloco todos os personagens presentes no jogo que atualmente estão sendo usados e em outros saquinhos eu coloco os personagens que já morreram (eu chamo de cemitério) – especialmente útil em DCC e Shadowrun;

- fichas em branco... várias – especialmente útil em DCC;

- papel em branco pra quando precisar anotar algo;

- um resumo da campanha até então: eu costumo digitar um resumo de cada dia de jogo, assim eu tenho sempre à mão algumas informações importantes para acrescentar ou recapitular na história;

Listas e fichas simples de NPCs
- uma lista resumida de descrição dos NPCs importantes encontrados pelos jogadores (com uma ou duas linhas);

- mapas com legendas do território/região que os personagens estão visitando;

- mapas/esquemas com legendas das principais cidades já visitadas, com anotações dos principais estabelecimentos e NPCs locais;

- papel quadriculado... para quando os jogadores quiserem mapear alguma dungeon;

- alguns props da próxima história (fotos / desenhos / cartas), assim como minhas anotações da aventura.


Mapa da área de jogo e planta de uma cidade
Obviamente cada pasta de sistema difere uma da outra. Por exemplo, na pasta de Shadowrun eu coloquei diversos esquemas e organogramas a fim de facilitar a consulta quando personagens querem lançar magias, hackear pontos da matrix, enfim, é uma pasta mais voltada para facilitar o uso de regras. Já nas minhas pastas de Old Dragon e Dungeon Crawl Classics, eu coloco muito mais material relacionado a campanha do que às regras.
Resumo da campanha e planta de outra cidade




Como eu faço pra conseguir tantas tabelas? Bom, primeiramente eu sempre opto por comprar a versão em pdf junto do livro que eu quero fisicamente, daí eu basicamente copio e colo as tabelas até conseguir ajeitá-las direitinho em uma folha A4 para imprimir e usar na pasta.

Se eu não consigo achar uma tabela válida, eu crio minhas próprias planilhas... por exemplo: na minha planilha de equipamentos para DCC, eu optei por acrescentar diversos itens de outros livros e até mesmo de fanzines do sistema.

Cards criados com fotos velhas da internet para NPCs
Anotações dos jogadores no verso dos cards
Em algum momento há cerca de uns 10-12 anos atrás eu vi uma idéia legal (foi numa revista Dragon ou White Dwarf, acho) sobre imprimir cards com uma imagem e algum resumo dos NPCs do jogo, e daí, organizar isso naquelas folhas plásticas que se usa pra guardar em pastas as cartas de Magic The Gathering ou outros cardgames colecionáveis. Usei isso para mestrar uma campanha inteira de Ravenloft e estou começando a elaborar esta idéia e adaptando isso ao meu estilo de jogo para outros sistemas... achei excelente naquela época e hoje a internet tem diversas imagens legais para isso! Outra sacada legal que vi em um suplemento de Shadowrun são as cartas para “construções aleatórias”... cartas que se ligam/espelham entre si e podem ser sacadas de um deck conforme a progressão do jogo e deixadas dispostas na mesa, criando sempre uma estrutura/experiência diferente a cada sessão de jogo... muito útil pra quando se quer criar uma “dungeon” ou construção aleatória...


Escudo genérico onde pode-se remover e inserir tabelas
Com relação ao meu Shield/Escudo/Screen, eu optei por comprar um genérico (geralmente a venda em sites estrangeiros) onde dá pra colocar as planilhas que você quiser em bolsos plásticos... daí quando eu troco de sistema de jogo, eu simplesmente substituo as planilhas ali inseridas... nesse caso, eu costumo plastificar ou usar filme Contact transparente nas planilhas pois elas podem soltar tinta e daí estragam o material do shield. Outra idéia interessante é usar prendedores para prender bilhetes ou até mesmo post-its fixados no shield para mostrar a ordem de iniciativa de um combate ou a ordem de marcha em fila de um grupo... papéis dobrados também contam.


Visão do lado do Narrador do meu escudo genérico
Enfim, espero ter ajudado a jogadores novos e também ter dado alguma experiência ou dica aos jogadores mais antigos para tornar o jogo mais dinâmico e facilitar tanto a vida de mestres quanto a vida de jogadores... 

Se alguém quiser, neste post [CLIQUE AQUI] eu coloquei as folhas que eu uso na minha pasta de DCC e no meu shield para este sistema...
Abraço,
Nuhuine

PLANILHAS / ESCUDO PERSONALIZADOS PARA DUNGEON CRAWL CLASSICS



PLANILHAS / ESCUDO PERSONALIZADOS PARA DUNGEON CRAWL CLASSICS

Há algum tempo atrás, bem antes inclusive de saber que o DCC ia ser traduzido pela Editora New Order, eu optei por criar algumas planilhas e tabelas para facilitar a vida de jogadores e juízes deste impressionante sistema.
Uso elas em minha pasta de jogo e no meu escudo genérico.
Resolvi compartilhar este material com a comunidade para que possam usufruir do mesmo nas suas mesas.



Exemplo: planilhas dispostas na minha pasta de Juiz

Exemplo: Vista do lado do Juiz do meu Escudo personalizado

Exemplo: Vista do lado dos Jogadores do meu Escudo personalizado
 

QUICK PLAY PARA DUNGEON CRAWL CLASSICS – Versão caseira alternativa


QUICK PLAY PARA DUNGEON CRAWL CLASSICS – Versão caseira alternativa 
Antes mesmo da Editora New Order comunicar a todos sobre a tradução de Dungeon Crawl Classics RPG e antes mesmo de saber que sairia uma versão do jogo rápido traduzida aqui no Brasil, eu havia feito uma versão pessoal que chamei de versão Quick Play do DCC.
Essa versão (que atualmente eu chamo de versão alternativa) foi criada há uns 2 a 3 anos atrás para uso em convenções e encontros de RPG.
Obviamente naquela época eu não sabia quais eram os termos oficiais a serem usados na tradução, por isso tentei aproximar ao máximo do que eu entendia que poderia ser a tradução oficial no futuro.
Essa versão caseira do jogo rápido possui apenas 8 páginas, voltadas basicamente para a criação de personagens de nível zero e algumas regras básicas. Não possui ilustrações, mas a disposição do texto e planilhas auxilia bastante no visual.
Resolvi compartilhar este material com a comunidade para que possam usufruir do mesmo nas suas mesas.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Estranhezas Entre Aventuras



 ESTRANHEZAS ENTRE AVENTURAS



Todo aventureiro precisa de um momento de descanso entre suas jornadas, certo? A resposta seria sim, mas infelizmente isso não é o que vai acontecer (Até mesmo nós, meros mortais, temos afazeres a resolver entre nossas horas de trabalho, correto? E às vezes o problema é grande...). Bom, foi pensando nisso que criamos este texto. Sempre que um aventureiro termina sua jornada fica o questionamento: o que um aventureiro faz entre suas aventuras?
Com certeza deve haver algum momento em que ele compra ou repara equipamentos ou ainda realiza algum tipo de treinamento ou gasta um tempo com preces ou estudos, mas e o restante? Ele cuida de alguém? Ele possui alguma moradia? Como isso influencia as tomadas de decisões que ele tem? Óbvio que ele também tem um tempinho de descanso, mas que tal agitar um pouco as coisas na sua mesa?
Pensando nisso, resolvemos criar uma planilha onde o aventureiro ou juiz pode transformar situações estranhas que podem acontecer no período entre as buscas do aventureiro em ganchos para novas aventuras.
Assim que o grupo retornar a sua cidade, o juiz/narrador pode solicitar para cada jogador rolar um teste de Sorte/Carisma e aquele que obtiver o menor valor deverá passar por uma situação estranha, rolando 1d20 e olhando na tabela a seguir para definir qual a situação. Deve-se sortear novamente caso hajam situações que sejam repetidas (afinal, se cada personagem possuir ganchos de aventuras diferentes a cada vez, a história vai ficar ainda mais emocionante).


Valor
Situação
1
Um parente1 há muito tempo desaparecido retorna a cidade e procura o personagem, contando a respeito de uma aventura atrás de um mapa de um antigo tesouro.
2
O personagem chega à taverna local onde fala com um amigo2 e percebe que ele foi forçado a vender o seu estabelecimento/casa para outra pessoa ou grupo.
3
Um dos moradores3 locais está assustado com o personagem, ele acha que o aventureiro foi tocado pelo caos e que agora deve ser expulso da comunidade.
4
Alguém deixou um bebê na porta do quarto do aventureiro! Junto tem um bilhete escrito em uma língua estranha! (Talvez o escrito seja até mesmo datado do futuro!)
5
Um aglomerado de pessoas passou a se reunir na praça da cidade todos os dias para ouvir as pregações de um desconhecido. Ele fala de previsões muito ruins! Um parente1 ou amigo2 do personagem passou a idolatrar essa figura.
6
Um parente1 de outro aventureiro do grupo entra em contato com o personagem e pede para ele proteger o seu familiar pois teve um pressentimento de que o mesmo corre grande perigo.
7
Está acontecendo o velório de uma importante figura local3. Ele morreu subitamente, o que soa muito estranho!
8
Um amigo2 aparece ferido, caído na porta do aventureiro! Ele balbucia algo sobre se cuidar com uma vingança e logo desmaia.
9
Um parente1 do personagem foi preso pela guarda local. Ele diz estar sendo vítima de perseguição política!
10
Alguém3 se apaixona loucamente pelo aventureiro e começa a persegui-lo sem ter autorização do mesmo.
11
Um amigo2 resolveu começa a escrever a biografia do personagem, infelizmente os escritos possuem “partes não autorizadas”.
12
Um parente1 faleceu e deixou um estranho objeto como herança para o aventureiro. Mais estranho ainda é o objeto
13
Um grupo de crianças virou fã do aventureiro e passou a brincar de imitá-lo. Numa dessas brincadeiras, uma delas se feriu. Agora um dos pais3 da criança exige uma reparação por parte do personagem!
14
Um morador3 local tenta “dar uma forcinha” para o(a) filho(a) casar logo e aparece na porta do aventureiro com uma proposta “irrecusável”.
15
Um duelista aparece na comunidade e diz que irá aguardar o aventureiro para travar uma luta de igual para igual. Ele espalha diversas “verdades” sobre seu oponente.
16
O aventureiro chega no seu quarto após uma breve saída e encontra todos os móveis e pertences revirados por todo o lugar. Aparentemente ninguém roubou nada. Um lenço de tecido com uma marca de batom é deixado bem a vista do aventureiro.
17
Um boneco muito parecido com o personagem foi encontrado “enforcado” em uma árvore nos arredores da cidade. Diversas flechas estão encravadas no boneco.
18
O aventureiro recebe um comunicado de que deve pagar um “imposto” que está atrasado. O estranho é que o valor cobrado é muito exorbitante!
19
A moradia do personagem estranhamente pega fogo. Após o incêndio, marcas desconhecidas são vistas ao redor do local e uma tocha é encontrada a poucos metros dali. Não foi deixada nenhuma trilha.
20
O aventureiro adoece e um parente1 ou amigo2 ou alguém que mora na cidade3 do mesmo resolve tomar conta dele. A medicação que ele utiliza parece ser uma panacéia, mas temporariamente (por 1d24 horas) o aventureiro perde um (ou mais) de seus sentidos4.
1Parentes: (Role 1d8) 1: mãe/pai; 2-3: tio(a); 4: irmão/irmã; 5-6: primo(a) próximo; 7-8: primo(a) distante.
2Amigos: (Role 1d6) 1: treinou junto com o personagem; 2: serviu na guarda junto com o personagem; 3: amigo de infância; 4: colega de escola/profissão; 5: foi ajudado/salvo pelo personagem no passado; 6: é “parente de um parente” do aventureiro.
3Moradores locais: (Role 1d12) 1: taverneiro; 2: sacerdote local; 3: um total desconhecido; 4: padeiro; 5: armeiro/ferreiro; 6: comerciante; 7: fazendeiro; 8: escriba/arcano; 9: nobre local/fidalgo/prefeito; 10: guarda local; 11: viajante recém chegado; 12: um criminoso menor.
4Sentidos: (Role 1d6) 1: visão; 2: tato; 3: olfato; 4: audição; 5: gustação; 6: dois sentidos (jogue 2x).